sexta-feira, 31 de julho de 2009


A espiral da violência está crescendo cada dia mais em todos os níveis, no nosso estado, no país e no mundo, e a necessidade de respostas se faz cada dia mais contundente.

Mas, com um enfoque violento não se solucionará o problema da violência. Com um enfoque violento desses problemas não resultará a paz.

Diferente do pacifismo, que se expressa na denúncia constante contra o armamentismo, a Não-Violência é um método de ação, uma força moral e um estilo de vida que consiste na denuncia e o trabalho sistemático com ações pontuais para a superação de todas as formas de violência. Esta metodologia tem formas precisas de, pensar, sentir, agir e, indicadores claros que permitem a cada indivíduo e a cada grupo, medir com precisão a sua eficácia para superar situações de violência e problemas que geram dor e sofrimento.

Quando falamos de violência não estamos nos referindo somente a sua expressão mais grosseira que é a violência física que reconhecemos na guerra, na tortura, no atentado, no assassinato, na agressão delitiva e o castigo corporal. Existem outras formas de violência que podem ser mais sutis e intangíveis, mas igualmente corrosivas, como:

• Violência econômica, refletida hoje na exploração, no desemprego e no subemprego.
• Violência racial, conhecida como discriminação, segregação e xenofobia.
• Violência religiosa, conhecida como fanatismo e intolerância
• Violência nas relações familiares, no bairro, na escola, na universidade e no trabalho.
• Violência por discriminação à mulher, ao jovem, ao idoso, ao deficiente, limitando sua participação social nas decisões.
• Violência psicológica que se expressa na imposição de valores culturais e formas de vida.
• Violência interna e pessoal que se reflete no isolamento, na incomunicação, na resignação e no sem-sentido.


Antecedentes históricos

Na história encontraram numerosos exemplos de pessoas que iluminaram o caminho da não-violência.

Mahatma Gandhi e seu movimento de resistência ao colonialismo inglês, não só deram a oportunidade à Índia de alcançar a sua independência por um caminho não violento, mas demonstraram ao mundo que, a não-violência não é uma atitude passiva, porém uma posição ativa, uma metodologia efetiva e de alta qualidade moral para o logro de objetivos políticos.

Martin Luther King demonstrou a eficácia da metodologia da não-violência a nível social, liderando o movimento de americanos negros que lutaram contra a discriminação e a humilhação que estavam submetidos nos Estados Unidos. Tanto M. Gandhi como Luther King basearam a sua ação nas idéias de León Tolstoy, quem desenvolveu o conceito nos primórdios do cristianismo de "não se opor ao mal com violência" no seu livro "O reino de Deus está dentro de ti", reconhecido como fonte de inspiração durante todo um período histórico.

Já na nossa época, Mario Rodríguez Cobos – Silo, filósofo latino-americano, fundador da corrente de pensamento conhecida como Humanismo Universalista, afirma:

“Eis aí os grandes inimigos do homem: o temor à doença, o temor à pobreza, o temor à morte, o temor à solidão. Todos esses são sofrimentos próprios da tua mente; todos eles delatam a violência interna, a violência que há na tua mente. Observa que esta violência sempre deriva do desejo. Quanto mais violento é um homem, mais grosseiros são seus desejos...”

Esta nova perspectiva assinala que o inimigo não está fora, porém dentro do ser humano; e abre a possibilidade de superá-lo na própria consciência, por meio de técnicas de autoconhecimento e da reconciliação interna como um caminho real de transformação do mundo que nos rodeia, para eliminar assim a raiz da relação de confronto entre o "nós" e o "eles" que tem condicionado durante tanto tempo o relacionamento violento e discriminatório com os "outros".

Como estes, em todas as culturas e épocas, têm existido pessoas e movimentos que tem lutado por um mundo mais humano com métodos não violentos. É imprescindível prestar maior atenção e estudar estas experiências históricas, à procura de meios não habituais de alta qualidade moral que ajudem a superar esta encruzilhada. Mostrar que a historia não é uma simples cronologia de guerras e conflitos, como um processo de escalada das tecnologias da destruição. Para assegurar a supervivência e o desenvolvimento da humanidade é imprescindível uma nova visão do mundo, da história e do futuro.

A não-violência mostra também um caminho que permite sair do paradigma da sociedade de consumo, onde o que se valora é o ter, para começar a construção de uma verdadeira sociedade humanista que coloca em primeiro lugar o desenvolvimento pleno do ser humano (em corpo, alma e espírito).

A violência é pessoal e social, a violência é hoje um problema de todos. No estado, basta ver essa realidade refletida em noticiários e estatísticas.

Por resolução das Nações Unidas, em memória do nascimento de Mahatma Gandhi, foi instaurado o dia 2 de outubro como Dia Internacional da Não violência.
Brasileiro é convidado especial da prefeitura de Hiroshima para homenagem às vítimas da bomba atômica

Ele representa o Brasil na comitiva da Marcha Mundial pela Paz e
Não-violência, iniciativa inédita em nível mundial, que terá início simbólico no dia 05 de agosto, em cerimônia em Hiroshima, com a presença de personalidades do mundo todo

O brasileiro Alexandre Sammogini, um jornalista de 35 anos descendente de japoneses, viaja a Hiroshima, como participante de um seleto grupo de convidados especiais da prefeitura da cidade para a homenagem anual às vítimas da bomba atômica, às 08h38min da manhã do dia 06 de agosto. Ele representa o Brasil na comitiva da Marcha Mundial pela Paz e Não-violência, iniciativa inédita em nível mundial, que terá início oficial no dia 02 de outubro, na cidade de Wellington, Nova Zelândia, percorrerá mais de 100 países – incluindo zonas de conflito, e terminará em 02 de janeiro na Argentina, nos pés do monte Aconcágua.

Contudo, a prefeitura de Hiroshima preparou, para o dia 05 de agosto, uma cerimônia simbólica para reforçar a importância da Marcha Mundial no momento atual, que inclui a entrega de uma tocha acesa ao prefeito neozelandês Bob Harvey. “O objetivo da cerimônia é reforçar o caráter da Marcha Mundial no que diz respeito à eliminação da ameaça nuclear para a humanidade hoje, apesar de que reivindicamos também a retirada e devolução de territórios ocupados, entre outros pontos”, explica Sammogini.

Ele também participará, em Nagasaki, entre 07 e 10 de agosto, da assembléia anual da organização Prefeitos pela Paz, que congrega hoje mais de 3 mil prefeitos de cidades em todos os continentes, com o objetivo de conseguir o fim das armas nucleares até 2020, por meio da adesão de políticos ao chamado Protocolo de Hiroshima e Nagasaki. O encontro é considerado uma das iniciativas mais importantes de preparação para a Conferência da ONU de revisão do Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, que acontecerá em maio do ano que vem.

“Esse tratado não está sendo cumprido e tem uma série de problemas, como o de deixar de fora países como os EUA e a Coréia do Norte, por exemplo. Por isso é que nós, da Marcha Mundial, encampamos a adesão do Protocolo de Hiroshima e Nagasaki no nosso leque de atividades. E vamos aproveitar o dia 06 de agosto para divulgar o documento nas homenagens que a Marcha está realizando em mais de 300 capitais e grandes cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Canoas, só para citar algumas brasileiras”, explica Sammogini.

Atualmente, 10 prefeitos brasileiros já aderiram ao protocolo e o objetivo da Marcha Mundial é elevar esse número para 100 até o final de agosto.
Com a ajuda dos prefeitos já aderidos e de outros políticos que estão aderindo, como os deputados federais Aldo Rebelo e Walter Ihoshi, que se comprometeram a estender o convite aos prefeitos de seus respectivos partidos (PCdoB e DEM). Os prefeitos que já aderiram são: Gilberto Kassab (São Paulo), Luiz Marinho (São Bernardo do Campo), Emídio Pereira de Souza (Osasco), João Paulo Tavares Papa (Santos), Eduardo da Costa Paes (Rio de Janeiro), Carlos Alberto Richa (Curitiba), Duciomar Gomes da Costa (Belém), Marcio Araujo de Lacerda (Belo Horizonte), Tarcisio João Zimmermann (Novo Hamburgo), Jairo Jorge (Canoas – RS), José Fogaça (Porto Alegre).

Entre os principais políticos que já aderiram à Marcha Mundial e os qjá receberam o convite de adesão e/ou analisam o texto do Protocolo estão o presidente Lula, os governadores José Serra (SP) e Eduardo Campos (PE), os prefeitos Renildo Calheiros (Olinda), João da Costa (Recife), Marcelo Candido (Suzano), Cido Sério (Araçatuba), e o deputado estadual (SP) José Cândido, presidente da comissão parlamentar de Direitos Humanos da ALESP.